terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A caminho de um milhão de espectadores, a comédia 'De pernas pro ar' firma Mariza Leão como exemplo de 'cinema de produtor'

RIO - Rugidos decretam o nascimento do primeiro blockbuster nacional de 2011: com 650 mil ingressos vendidos entre pré-estreias natalinas e o fim de semana de réveillon, "De pernas pro ar", lançado no dia 31 em um circuito de 350 salas exibidoras, pode ultrapassar a marca do milhão em menos de sete dias em cartaz.


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Sua produtora, Mariza Leão, hoje estoura as garrafas de champanhe remanescentes do ano novo. Há exatamente três anos, Mariza festejava um feito (então) invejável: seu "Meu nome não é Johnny" abriu janeiro de 2008 somando 190 mil pagantes em três dias. Se os números do passado já lhe renderam aplausos do mercado, os de agora consolidam sua reputação de pé-quente e respaldam o chamado "cinema de produtor", no qual profissionais responsáveis pela administração dos recursos de um longa-metragem desenvolvem criativamente um projeto de filme desde a sua gênese, do roteiro à montagem. Acalentada por Mariza desde que foi idealizada pelo diretor Roberto Santucci, a comédia estrelada por Ingrid Guimarães e Maria Paula teve um desempenho capaz de evocar o resultado do fenômeno "Se eu fosse você 2" (2009), que, da Retomada para cá, só fica atrás dos 11,1 milhões de pagantes de "Tropa de elite 2". Também lançado na ressaca das festas de fim de ano, com um número de cópias similar, o longa com Tony Ramos e Glória Pires abriu a carreira com 570 mil espectadores e saiu de cena com 6,1 milhões.


- Ainda falta lançarmos "De pernas pro ar" em algumas praças, como Macapá. E o povo de São Paulo, que viajou no réveillon, só voltou à cidade ontem. Isso significa que, em nossa segunda semana em cartaz, podemos repetir o mesmo bom resultado da primeira - torce Mariza Leão, traçando estratégias para o longa, o 15 de sua carreira, originalmente batizado de "Sex Delícia", em referência à sex shop onde a executiva vivida por Ingrid se reinventa afetiva e profissionalmente. - Bem antes da estreia, fizemos pesquisas com 250 pessoas para testar o nível de aceitação do público ao filme no Rio e em São Paulo. Ali, percebemos que o longa era entendido pelos espectadores como uma história sobre a família. Esse foi um dos motivos para que mudássemos o título. Se ficasse o nome "Sex Delícia", jamais chegaríamos a um milhão na primeira semana. O conservadorismo no Brasil ainda é grande.

Graças às estratégias e enquetes promovidas por Mariza, "De pernas pro ar" conseguiu assegurar um caminho para chegar a dois milhões de espectadores, pelo menos nas estimativas de Paulo Sérgio Almeida, do site Filme B, que analisa as receitas cinematográficas do país.

- "De pernas pro ar" vai ter vida longa, pois seu boca a boca é favorável, principalmente nas classes C e D. Ele inaugura o ciclo da comédia em 2011, que é muito bem-vindo - decreta Paulo Sérgio. - Na Retomada, os diretores brasileiros, ocupados em levantar o moral do cinema, que paralisou com o fim da Embrafilme (em 1990), passaram a ver a comédia como um gênero menor. Mas num cinema que prima por bons resultados de mercado, produções de natureza comercial, popular, têm papel essencial. É difícil fazer um filme de qualidade artística que seja consumido maciçamente, como "Cidade de Deus" ou "Tropa de elite". Nem Hollywood consegue fazer um "A origem" por mês. E Mariza é a alguém que tem essa percepção. Desde os tempos de "O homem da capa preta" (1985), que produziu para o Sérgio (Rezende, marido de Mariza), ela mantém um pé no cinema arte e outro no cinema comercial.

Foi Roberto Santucci, de "Bellini e a esfinge" (2001), quem dirigiu "De pernas pro ar". Mas o longa, orçado em R$ 6 milhões, vem sendo tratado pela classe cinematográfica como "um filme de Mariza Leão". Em geral, desde que as noções de autoralidade no audiovisual começaram a ser difundidas, no fim da década de 50, costuma-se usar "um filme de..." apenas em relação a diretores, não a quem produz.


- É que a Mariza tem uma marca: a de dividir o processo criativo com o diretor, coisa que nem todo produtor no Brasil sabe fazer - elogia Santucci, justificando a imagem de Mariza como "produtora autoral".
Há cerca de três anos, ele procurou o distribuidor Bruno Wainer com a ideia de fazer um filme ligado a uma sex shop, inspirado por uma notícia lida na coluna Gente Boa, do GLOBO. Na conversa, recebeu de Wainer a indicação de que Mariza seria a produtora ideal para dar ao projeto um banho de loja estético e comercial.
- Para alguém acostumado a fazer filmes com orçamentos superpequenos, pedindo para as pessoas trabalharem de graça, ser produzido pela Mariza é um aprendizado de como fazer um filme como gente grande, cercado por uma equipe de profissionais experientes, vendo todo mundo ser pago - diz Santucci. - Ela é uma locomotiva.

- Sou o tipo de produtora que chega no pé do ouvido do maquinista que está trabalhando com o câmera e sussurra um palpite para o trabalho melhorar - diz Mariza. - Acho que, mais do que autoral, eu sou uma produtora artesã. Sou dos que começam a delinear um projeto desde o desenvolvimento do argumento, discutindo personagens e narrativa por pânico de errar, especialmente no roteiro, que é o começo de tudo em um filme.

Hoje com 58 anos, Mariza começou a amealhar elogios, prêmios e cifras altas em sua parceria com Sérgio Rezende, assinando superproduções como "Guerra de Canudos" (1997), prestigiada por 655.016 pagantes mesmo sob ressalvas da crítica.

- Além de ter sensibilidade e inteligência, Mariza é guerreira. Quando fizemos "Lamarca", depois que o (ex-presidente Fernando) Collor acabou com a Embrafilme, arrumamos apoio de um polo lá de Vitória. Como a gente não tinha grana, a Mariza ia e voltava de ônibus, todo dia, pra conseguir aquilo de que a gente precisava - lembra Sérgio Rezende.

- Se existe o chamado "cinema de produtor", ele só existe se estiver em harmonia com o "cinema de diretor". Eu não dirijo porque me realizo em viabilizar a autoralidade dos cineastas com que trabalho - diz Mariza, firme em seus pitacos criativos na gestação do longa "De pernas pro ar". - Tinha uma piada que saiu da edição final e que o distribuidor achava que era riso garantido. Mas eu preferi que ela saísse, pois achava de mau gosto. Perco a piada, mas não perco o padrão.

2 comentários:

  1. Nossa ri demais com este filme,parabens a todos,ri do começo ao fim kkkkkkkkkkkkkk poderia ter o "De Pernas pro Ar 2" Tomara!!!

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  2. Meu Deus nunca ri tanto....kkkkkk
    Esse filme é show de bola, a Ingrid como sempre sensacional,o Bruno Garcia liiiiindo e Maria Paula muito boa!!!!
    eu tbem qro "De pernas pro ar"!!!! Tomara tbem...
    Bjin

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