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domingo, 2 de janeiro de 2011
Crítica "Batendo Ponto": divertido
Fazer rir sem cair na piada fácil exige requinte. Esta afinação entre duas ambições que parecem incompatíveis — ser popular mantendo o bom nível do que se produz — é o grande acerto de “Batendo ponto”. O programa de Paulo Cursino com direção-geral de José Lavigne riu da piada de repartição ao mesmo tempo em que praticou a graça de escritório.
A atração lembra muito “The office”, produção da BBC que tem uma versão homônima nos EUA. Essa série também inspirou o excelente “Os aspones”, que, entretanto, tinha uma pegada menos popular. “Batendo ponto” investe no deboche, mas não evita tanto o tom clownesco. O texto de Cursino se manteve divertido tanto nas falas, quanto no enredo, uma história com começo meio e desfecho surpreendente e romântico.
O humor na TV, para funcionar, precisa muito de um diretor que entenda do assunto e Lavigne — que é do ramo — conhece os tempos exatos. O especial não se arrastou nem por um minuto, o que garantiu cenas saborosas e bem-engatilhadas, e a vontade do espectador de continuar sintonizado.
O elenco merece todos os elogios, sem exceção. A secretária Val de Ingrid Guimarães é uma de suas melhores personagens já desempenhadas pela atriz. Não se trata de um tipo cômico sem variações. Ela teve seus momentos dramáticos. Ingrid apostou na sutileza e se deu bem. Pedro Paulo Rangel deu um show como Guilherme, o chefe que tem fama de durão, mas empurra para a secretária a sua primeira missão espinhosa: escolher dois colegas para trabalhar num feriado. Num escritório onde todos se arrastam feito burocratas, sem entusiasmo algum, a batata quente não é pouca coisa. Alexandre Nero, um ator que é sempre uma alegria de se ver em cena, é Caíque, o personagem bonzinho. Como ele, Paulo Betti, Luiz Miranda, Cláudia Melo, Stênio Garcia, Fernando Ceylão, Felipe Abid e Danielle Valente brilharam.
Com cenário e figurinos coloridos, “Batendo ponto” divertiu gregos e troianos. Popular sim, e também bem esperto.
Por Patrícia Kogut
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